CAPÍTULO 23
JC RESISTE ESTOICAMENTE A SESSÃO DE TORTURA
“Sem saltos altos não consigo pensar”
Victoria Beckam
O banco onde havia estado sentado Tom Hanks – já dispensado deste blogothriller, entre outras razões por ter um cachet demasiado alto para uma produção independente – é agora ocupado por JC.
O nosso herói é acordado com uma valente chapada.
- Mas ninguém acorda naturalmente neste thriller? Tem de ser sempre com violência gratuita? Isto é um pedacito traumatizante!
- Cala-te traidor!
- Ao menos não uso túnicas cor-de-rosa, seus palhaços!
- Ignorante! É fúcsia!
- O que é que vocês querem?
- Com que então o menino é de Linda-a-Velha City e está metido num complot para rebentar com o Panamá? Sim senhor, rico patriota que me saíste! – grita um confrade.
- Sabemos da tua missão, bandido – diz outro.
- Meteste-te com a escumalha da Killing Quickly, Inc. e estás a soldo dos castelhanos – acusa outro honorável capitão.
- Vais contar tudinho à malta e, se aceitares mudar de campo, pode ser que te safes.
JC recusa ficar às ordens da Mui Ilustres e Honoráveis Capitães do Solstício de Verão, mantém-se em silêncio e obriga os honoráveis capitães a dar uso aos instrumentos de tortura.
São novinhos em folha e foram adquiridos recentemente em leilão, por um preço jeitoso, à seita islâmica Jamaat ul-Fuqra, devido a mudança de ramo de actividade.
A coisa começa de levezinho. JC é submetido a uma sessão com música punk, desde os Ramones aos Sex Pistols, passando pelos Stooges e The Clash. Leva também com Chuva Dissolvente, Contentores e A minha alegre casinha na versão dos Xutos e Pontapés, numa selecção especialmente criada pelo DJ Slow Down para torturar a malta. Aquela lista que ficou de molho desde o capítulo anterior.
Sofre com Roberto Leal, Tony Carreira e, ainda por cima, com o filho deste e a Ana Malhoa. Aquilo que o poderia levar a ceder mais rapidamente, a discografia completa do Júlio Iglesias, foi vetado pela maioria dos honoráveis capitães, por ser espanhol.
Muitas horas depois, JC continua em silêncio. É então submetido à lancinante tortura das gravações de bebés a chorar, com o objectivo de o impedir de dormir.
Mesmo assim não cede, sendo-lhe aplicada a técnica do telefone, umas palmadas nas orelhas rebentando-lhe com a membrana dos tímpanos.
- Com essa não vão lá – diz JC – e podem parar com a música e a cena dos bebés a chorar, que já não oiço puto.
- Já que estás armado em herói, obrigas-nos a desencadear técnicas mais drásticas – diz o confrade que já fez um estágio em Guantanamo.
São então colocados no corpo de JC vários eléctrodos. É molhado abundantemente com água – desta vez da torneira, porque a água de cozer os percebes foi toda gasta com o Tom Hanks.
O corpo de JC estremece convulsivamente com a passagem da corrente eléctrica. A cada aplicação desta técnica, JC perde os sentidos e é sucessivamente reanimado. O corpo apresenta graves queimaduras, mas JC permanece em silêncio.
- O gajo foi bem treinado! Passemos ao clister eléctrico.
JC é colocado de cócoras e são-lhe aplicadas descargas eléctricas no cóccis. Isto provoca o relaxamento dos esfíncteres levando-o a defecar abundantemente (pensaram que eu ia escrever cagar, não foi?).
- Mudem lá de método, que já não aguento o cheiro a merda – pede um comparsa mais esquisito.
A cabeça de JC é então totalmente imersa numa enorme tina com água. E retirada antes de perder a consciência. A cada mergulho, ele debate-se violentamente, mas permanece em silêncio.
Constatando que JC é mais duro do que parecia, os honoráveis capitães deixam-no inerte no chão da sala de tortura e iniciam uma reunião de emergência.
- Tá visto que o tipo foi bem preparado para estas situações!
- Pois é, com tortura não vamos lá!
- Matamos o gajo?
- Isso vai contra os nossos estatutos. Só podemos matar espanhóis e americanos e, formalmente, o gajo é um cidadão de Linda-a-Velha City.
Os honoráveis capitães decidem abandonar o corpo de JC no perigoso e mal-afamado bairro da Lapa.
Admitem que ele está num estado que não lhe permitirá continuar a missão. E que o mais certo será apanhar umas facadas ou ser vendido a traficantes de órgãos pelos facínoras de algum gang daquele bairro degradado.
Enquanto JC é abandonado num beco infecto da Lapa, o armário, que agora já sabemos dar pelo nome de Steve Shithead, esconde-se do outro lado da rua do Flamingo Bay, o antigo, encostado a um poste de iluminação pública, que não ilumina publicamente nada por ter as lâmpadas fundidas.
Há muitas horas que Steve Shithead se oculta nas sombras, aguardando a passagem de JC e tentando avaliar a presença de agentes inimigos.
A tarefa não é fácil, na medida em que circulam frequentemente pela rua bastantes prostitutas, respectivos proxenetas e esparsos clientes.
Um único transeunte lhe pareceu suspeito.
Mas depois de uns valentes murros, com recurso a uma soqueira, no beco mais próximo, confirmou que se tratava apenas de um inocente travesti, que fazia pela vida.
Com a chegada da manhã, Steve Shithead começa a desconfiar de que há tramóia. Dirige-se à recepção e interpela o sonolento recepcionista.
- O hóspede do quarto 420 está cá?
- Quarto 420? És um brincalhão do caraças! – responde o recepcionista.
Como sabemos, Steve Shithead é um bocado para o violento. Puxa da sua Sig Sauer 9 milímetros, encosta a ponta do cano ao parietal do empregado do hotel e diz:
- Sou brincalhão é? Gostas do meu brinquedo? Fuck.
- Oh pá, é que este hotel só tem dois andares – diz o recepcionista aterrorizado.
- Estou-me nas tintas para isso. Não te perguntei quantos andares tinha o hotel. Fuck!
- O 420 seria… no quarto piso… e não temos quarto piso – esclarece o assalariado sazonal da hotelaria.
- Fuck. Então em que quarto é que está o John Clone?
Depois de uma consulta ao sistema, o recepcionista esclarece que não há qualquer John Clone alojado no hotel.
- Fuck. Com esta é que me lixaste! – acusa Steve Shithead, enfiando um projéctil da sua Sig Sauer, à queima-roupa, na mona do aterrorizado recepcionista, que fica a esvair-se em sangue.
O armário abandona o hotel rapidamente e vai telefonar a uma cabina pública a uns quarteirões de distância.
Steve Shithead liga a Bill Longknife, que, por sua vez, transfere a chamada para Peter Hitdogs, o qual, depois de ouvir o relato dos acontecimentos, finalmente lhe diz:
- És um incompetente do c…, pá. Esconde-te até novas instruções.
Steve Shithead afasta-se, no sentido contrário ao das sirenes que já soam nas redondezas.
Será que JC já terminou o seu papel nesta história? Irá ele sobreviver? Morrer? Aderir a um gang da Lapa?
TO BE CONTINUED…
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6 comentários:
OH Manel!!!!a trilha sonora esta cada dia melhor...mas falta o nosso DJ colocar um teledisco da Ana Malhoa a abanar-se toda...~ia ser a festa da malta...alias...se em vez de musica fosse imagem...o nosso JC cedia...
Pensando melhor acho que ele ia gostar mais do Village People..rsrsrsr
Acho que o JC tinha que se bandear para os Mui Honoráveis...ceder ao fuscia...e tramar aqueles americanos todos...depois era uma lavagem cerebral e ele virama um homenzinho como tem que ser...
jinhos
Há melhor lavagem cerebral do que uma carga de porrada? A qualidade musical está a melhorar, verdade? Isto é que são artistas! Por acaso, apostei que o "maestro" ia optar pelos Xutos. Desta vez enganei-me...
v
Vai lá, vai.
O outro era o esternocleidomastoideu e tu são os esfíncteres. Espectáculo!!!!
Confesso que nem sabia que isso existia e tenho pelo menos 42 no meu corpinho dadone.
Apesar de tardia, bem tijolado, o JC cantava que nem um passarinho(resultou com o camelo).
Fica a sugestão.
Pronto, já bati bolas.
Bem vindo Manuel Fiúza. Corpinho danone??? Além disso ser um bocado roto, acho que precisas de comprar uns espelhos lá para casa...
Daqui FAÍSCA Lembram-se? Tá tudo cota para aí!!! Eu cá estou na mesma.Um grande ABRAÇO para o pessoal do Snack (Mira Tejo). Brevemente darei noticias e vou tentar arranjar umas Fotos. Gostei muito de ver este pessoal. Até à Próxima
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