quinta-feira, 5 de junho de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 25

Vocês devem estar a pensar: Mas quando é que acaba esta merda? O c... do JC não morre, nem a gente almoça! E digo eu: Estão lixados! Ainda faltam muuuuuitos capítulos.

CAPÍTULO 25
JC SALVO IN EXTREMIS PELO FADISTA

“O punk tem tanta prisão de ventre
que se devia chamar rock hemorróide”
Linda Rondstadt

No capítulo 23, JC tinha sido abandonado, entre a vida e a morte, num beco pestilento do bairro da Lapa. O que lhe terá acontecido?
Três da madrugada. Bairro da Lapa. Josué, o “Milongas”, como é conhecido na zona e também na sua actividade de fadista residente da Tasca do Xico, no Bairro Alto, nos subúrbios de Linda-a-Velha City, passeia o seu caniche.
O cão de estimação sai disparado e entra num beco.
- Sacana do cão, que é danado para a brincadeira. Habituou-se a que o pastor alemão ali da frente lhe abafe a palhinha, não quer outra coisa… - resmunga o Milongas.
O castiço põe-se nos calcantes e corre para o beco a toda a velocidade. Quando vira a esquina, topa o caniche no meio do entulho.
- Vem cá Sporting! (um nome porreiro para cães pequeninos… que são comidos por pastores alemães chamados Benfica) – chama o Milongas, sem sucesso.
O beco está escuro e sujo. A câmara municipal da cidade está falida, pelo que não faz manutenção naquela zona há muitos anos.
Com a curiosidade atiçada pelo motivo de atenção do Sporting, introduz-se na viela, não sem antes puxar da naifa que sempre o acompanha.
Depara-se então com o pequeno cão a lamber um rosto ensanguentado.
- Este mangas levou um arraial de porrada!
Josué Milongas afasta o caniche, retira o corpo maltratado do monte de lixo e carrega-o às costas até à sua casa.
Enfermeiro reformado compulsivamente, por roubar drunfos no hospital onde trabalhava, o Milongas avalia o estado do mânfio e torce o nariz.
- Ainda não é cadáver, mas para lá caminha…
Entrementes, chega a sua amásia, alternadeira no Cais do Sodré, actividade que complementa o seu pecúlio de arvela, quando as noites na rua estão fracas.
- Como é que correu a noite? Vens abonada? – pergunta Josué.
- Uma valente merda! A bandeirada não deu para o táxi e o último cabrito deu-me a banhada – esclarece a bicicleta do Josué, Esmeralda de seu nome.
- Pois aqui o manguelas encontrou aquele gajo que está ali na cama, à beira da morte. Ajudas-me a tratar do gajo?
O enfermeiro reformado e a mulher da vida abeiram-se do corpo.
- O borracho está quase a quinar – afirma Esmeralda.
- Pois é, levou um enxerto de pancada! – confirma o fadista.
Esmeralda despe-o e lava-o cuidadosamente com toalhas. O Milongas passa então aos curativos. Cose os cortes mais profundos, aplica betadine nas feridas e sulfadiazina de prata nas queimaduras, profusamente espalhadas por todo o corpo, coloca gaze nos pontos mais maltratados.
A azáfama curativa só termina com o raiar da manhã.
Cansado, o Milongas procura no casaco esfarrapado do artolas alguma identificação. Descobre uma carteira e, no seu interior, um cartão da Killing Quickly, Inc. em nome de John Clone.
- O gajo é camone! – diz admirado o fadista – e está cheio de bago!
(os honoráveis capitães são honestos, não é verdade?)
A Esmeralda vai choinar no sofá, deixando a cama para JC. O Milongas abanca à mesa da cozinha, pensando na vida e na alhada em que o camone se teria metido.
Liga a televisão, para ver se dão nota do desaparecimento, mas a única notícia de crimes só fala de um homicídio na pensão Flamingo Bay.
- O mundo está perigoso – diz para si próprio – enquanto tira um paivante do maço e dá um golo da garrafa de tintol.
Só a meio da tarde é que entram pelos búzios do Milongas uns gemidos aflitivos, vindos do quarto.
O ex-enfermeiro dá às gâmbias e entra no quarto. Por entre os gemidos de JC, tenta perceber o que o sujeito está a dizer.
- Não, mais óleo de fígado de bacalhau, não. Eu tenho dois amores. Oh febra, junta-te aqui à brasa. Tinoni, tinoni. Ai como eu gosto de ti. E nós pimba. Fui ao jardim da Celeste, giroflé, giroflá. Oh Jenna Jameson, quero apalpar-te os marmelos! Vivó Benfica, olé, olé, olé. Campeões! Campeões!
- O mânfio está a delirar! Campeões? Há anos que não molhamos a sopa!
Milongas dá a JC uma injecção de morfina, que o põe de novo a dormir, e regressa à cozinha.
Alguns instantes depois, Esmeralda acorda e prepara o almoço.
Pega numas iscas de porco, que deixara a marinar de véspera numa emulsão de sal, pimenta, alhos picados, uma folha de louro e vinho branco.
Leva uma frigideira ao lume, aquece a banha e frita as iscas de ambos os lados. Depois, retira-as e conserva-as quentes. Deita a marinada na frigideira, deixa-a ferver até reduzir ligeiramente e junta novamente as iscas para fervilharem mais dois minutos.
Umas belas iscas à portuguesa, que os dois comem, com umas batatinhas cozidas, como mandam as regras, acompanhadas por uma vinhaça do Dão, Quinta de Cabriz tinto, colheita seleccionada 2003, produzido com as castas alfrocheiro, tinta Roriz e touriga nacional.
Chega a hora de jantar, com JC ainda a dormir.
A opção para o jantar consiste numa aconchegante açorda alentejana.
E cabe ao Milongas demonstrar os seus dotes culinários.
Num almofariz, pisa coentros, dentes de alho e sal grosso, reduzindo-os a uma massa, que deita numa terrina. Rega com azeite e escalda com água a ferver, onde, previamente, havia escalfado dois ovos.
Mexe a açorda com uma fatia de pão alentejano, provando-a depois, para conferir o tempero. Introduz então o pão partido à mão na terrina onde, a seguir, coloca os ovos escalfados.
Acompanha o repasto um Visconde de Borba reserva 2005, um magnífico vinho com castas aragonês, castelão e Alicante bouschet.
Após umas palmadas de satisfação na barriga e um sonoro arroto, Milongas pede a Esmeralda:
- Aguenta-me aí a cena, que hoje é dia de cantar uns faduchos na tasca do Xico.
- Tá bem! Sempre aproveito para sentar o ananás no sofá e papar as novelas todas. Amanhã volto ao ataque.
No sétimo intervalo da quarta novela da noite, Esmeralda decide ir ao quarto averiguar a situação do camone.
JC encontra-se sentado na cama, hirto, com ar perdido, mas esbugalha os olhos de estupefacção quando vê a brasa entrar.
- Olé! Só queria que fosses uma pastilha elástica para te comer o dia todo! – lança JC.
- Já os comi mais feios e sifilíticos – responde Esmeralda, que não é mulher de ignorar provocações.
Embalado na euforia e na vasodilatação fornecida pela morfina, JC agarra Esmeralda. Ela aceita a aproximação e beija furiosamente o nosso herói, ao mesmo tempo que avalia com a mão o estado do seu pénis, constatando uma imensa rigidez.
- O menino ainda agora estava entre a vida e a morte e já está pronto para uma mocada, hein?
- És boa como o milho. Sobe aqui ao andaime, que eu já estou com ele montado.
Uma hora depois, os amantes tomam um relaxante duche, para eliminar os abundantes fluidos segregados pelas glândulas sudoríparas, e abraçam-se de novo no leito do prazer.
- Bico calado, que o meu Josué não pode saber disto, ouviste? – aconselha Esmeralda.
- Quem?
- O meu homem, que te salvou a vida, camelo! Foi cantar uns fadinhos e deve estar a chegar.
- OK. Não é preciso insultar. Até parece que não gostaste…
- Oh filho, tenho mais milhas que o Coast to Coast na América! O meu Josué “do it better”…
Esmeralda volta para o sofá, para acompanhar a décima telenovela na noite.
JC adormece novamente, desta vez sem o efeito da carga de tareia que apanhou e da morfina que lhe aliviou as dores e o dispôs a um belo momento de sexo.
TO BE CONTINUED…

7 comentários:

Anónimo disse...

Querido Vitela, o Cacete:
É só para te informar que vou estar longe da tua bela prosa, por isso se tiveres saudades minhas, já sabes que é apenas por estar longe, não é por fastio.
Espero que quando voltar já tenhas terminado a blogonovela.
Entretanto vê se 'carregas' fotos das gajas boas, porque as vossas dispenso.

Anónimo disse...

Concordo!!! Venha mas é daí as gajas, com ou sem silicone....

Manuel R Fiúza disse...

Não gostei deste trocadilho do Sporting Clube de Portugal e dos lampiões. Não vou ler o Cap.26 como forma de protesto.

Fernando Bugalho disse...

Não estou a perceber... Então não é o cão grande, o tal de Benfica, que abafa a palhilha ao cão pequena, o Sporting ?

Estou com o Fiuza, tb não vou ler os capitulos 26 e 27.

No entanto deste gostei do detalhe do vinho e sobretudo dos dotes gastronómicos do autor.

Enfim, sexo assim pró fraquinho, mas é o que se arranja.

RJAM disse...

Gostei do cão grande que comia o cão pequeno e só por isso vou ler os capitulos 26, 27 e 28.
Também os vou ler para aprender mais receitas (Manel, não tens receitas para a Bimby? A Bimba ia gostar de certeza).
E fiquei a saber que os fadistas e as prostitutas tratam-se bem e comem e bebem do melhor. Será que estou na profissão errada?

Anónimo disse...

Muito bem...apesar de completamente marado o JC está em grande...não só por ter a sorte grande de ter sido salvo por um fadista casado com uma alternadeira...mas também por estes serem bons cozinheiros(apesar deu eu dispensar as iscas)e conhecedores de bons vinhos e boas drogas...
quanto aos nossos amigos que desejam boicotar os próximos capitulos...só lamento..de certeza vão perder uma parte boa da história...era bom que se habituassem que isso de benfica comer sporting vai ser muito mais comum do que se possa imaginar....
jinhos

MANUEL JESUS disse...

BININHO: Vais emigrar? Vais para a Suíça ver a nossa Selecção? Vais fazer uma plástica com o Pitanguy, para poderes mostrar o focinho?
Mais um que não vai ler os próximos capítulos! Com o cacete!

ANÓNIMO: Mas o anónimo não se mudou para bininho? Este blog tem sempre que ter um anónimo... E desde quando é que os anónimos gostam de gajas?

MANUEL FIÚZA: Oh pá, esqueci-me de que os lagartos ainda não estavam extintos, pelo menos neste blog. Prometes que lês o 27?

BUGALHO: Mais vais ler o 28, certo? Vou ter que fazer um capítulo inteirinho com sexo, para ficares satisfeito. O problema é que depois a anónima aflita fica proibida de ler a novela...

RJAM: Obrigado pá, pelo incentivo. E espero que leias tudo até ao capítulo 64. Eu sei que não sabes cantar fado, pelo que te resta a outra opção... É a vida, camarada!

BIMBA: Ah grande benfiquista! Devo dizer-te que se os lagartos deixarem de ler a novela não perco muitos leitores... Se a ameaça viesse do lado da Luz é que ficava transtornado.