terça-feira, 29 de abril de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 10

CAPÍTULO 10
COMER CORN-FLAKES COM LEITE TEM SEVERAS CONTRA-INDICAÇÕES!

“Não sou capaz de fazer rapazes, bem tentei.
Andei a ler técnicas mas não funcionam!”
Piet-Hein Bakker

Como estão recordados, John Verygood e Peter Hitdogs discutiam a “Operação Badajoz” quando foram interrompidos pelo episódio rasca do Estalone.
Só para se manterem a par dos acontecimentos, apesar de marginais à história – até ver – o gajo aceitou as funções propostas e a Rebecca pôde ir para casa tranquila da vida, dar uma queca com a namorada.
Sim! Com a namorada! Qual é o problema? 30% das mulheres do mundo ocidental já praticam lesbianismo. E se a estas somarmos as bissexuais a percentagem sobe para 55%.
Peter Hitdogs, já no seu gabinete, acaba de receber a listagem dos operacionais em Linda-a-Velha City e afunda-se na poltrona.
- Eh pá, como dizem os panamenses, o que nasce torto nunca se endireita – resmunga, lixado da vida – só lá temos um agente e está “adormecido”.
Convém explicar que, no léxico da Killing Quickly, Inc., este termo aplica-se quando um agente “esquece” que trabalhou para a corporação.
“Esquece”, entre aspas, porque, na realidade, essa perda de memória não é natural, não é provocada por acontecimentos de ordem psicológica, nem decorre de um acto voluntário do agente.
Antes pelo contrário, o estado de profunda amnésia é obtido numa sessão de ciber-hipnose, integralmente garantida e controlada por um programa informático.
Este programa foi concebido por uma task-force de cinco hipnotizadores, três matemáticos, 154 informáticos, um decorador de interiores e duas psicólogas giras. Alguém tinha de servir os cafés, não é verdade? (Sexista o c… que vos f…).
O agente pode, desta forma, manter-se no limbo por décadas, até que os seus préstimos sejam necessários.
O programa informático selecciona e aplica, então, os procedimentos de regressão de memória e o agente é reactivado, ou, no léxico da corporação, “acordado”.
Mas o grupo de gurus da task-force não conseguiu solucionar um problema. Veio a apurar-se que o transe hipnótico provocava, adicionalmente, o “apagamento” de outros detalhes, embora variáveis de indivíduo para indivíduo, alguns dos quais essenciais à sobrevivência do agente.
Comer com garfo e faca, fazer zapping, combinar a cor do cinto com a dos sapatos, dar milho aos pombos e saber colocar fotografias nos blogs são alguns dos exemplos registados.
A Killing Quickly, Inc. tentou apurar as responsabilidades pela ocorrência do bug, criando uma Comissão de Inquérito.
Os hipnotizadores acusaram os matemáticos. Estes responsabilizaram os informáticos. Cada um destes informáticos atribuiu as culpas aos outros 153, com excepção do Montez, que acusou o Mick Jagger.
O decorador de interiores foi ilibado, por se considerar que os cortinados cor-de-rosa não haviam afectado o trabalho da task-force.
O Mick Jagger também saiu incólume da acusação, por se ter provado que, à época, andava em digressão com os Rolling Stones.
O inquérito concluiu que as duas psicólogas engraçadas agiram com negligência no cumprimento das tarefas que lhes estavam cometidas, por terem servido, por quatro vezes, os cafés demasiado frios, e foram despedidas.
Adianta-se que todos os agentes da Killing Quickly, Inc., logo após o recrutamento, são submetidos às acima referidas sessões de ciber-hipnose, tendo em vista apagar determinados factos da sua vida.
Aqueles factos que, segundo uma rigorosa avaliação, poderão vir a colocar em risco o seu futuro desempenho profissional.
Mas este método só começou a ser aplicado mais tarde, após a ocorrência do caso a seguir descrito.
Consta nos anais da corporação (quem acha que eu não ia resistir a fazer uma graçola com isto, bem pode ir levar no cu…) o caso de um agente que se tornou lendário e que, sempre que comia corn-flakes com leite com chocolate, desatava a cantar “Vladivostok, vila morena”, a dançar fandango e a bater castanholas.
Como facilmente se compreende, tal agente não podia ser utilizado em missões que envolvessem tomar o pequeno-almoço em público, que são quase todas, por prejudicar a obrigatória discrição inerente ao business.
Submeteram-no ao programa informático de transe hipnótico e as causas foram identificadas. Tudo residia num acontecimento traumatizante ocorrido na sua adolescência e que havia sido recalcado.
O tal agente, ainda antes de ser agente – A Killing Quickly, Inc. não recruta menores de idade – teve a sua primeira experiência sexual com uma bela loira de um metro e noventa e corpo de top-model.
Quando a loira lhe perguntou se gostava mais de ser activo ou passivo, o jovem, um quanto preguiçoso, como é típico dos adolescentes não nascidos em Linda-a-Velha City, ou os anónimos dos blogues, optou por deixar o trabalho activo para a rapariga.
E qual é o problema? Pergunta o leitor, ávido da resposta.
O problema é que a bela loira era um transsexual com apreciável dote, o qual introduziu no… bom… ui… só de pensar nisso até dói! Imaginam o efeito que isso terá tido no futuro agente?
O que o programa informático não conseguiu explicar é porque é que o rapaz só deu de frosques depois da 15ª penetração…
(A história é mesmo verdadeira. Nunca me aconteceu a mim, mas conheço um anónimo dos blogues a quem sucedeu e pode vir a passar-se com vocês, leitores. Enviem este alerta para cinco amigos. Se quebrarem a cadeia, as consequências serão trágicas).
Certo é que o futuro agente foi afogar a sua infelicidade, e também as dores, dirigindo-se ao snack-bar mais próximo, onde ingeriu doses excessivas de leite com chocolate*, ao qual adicionou, para fins analgésicos, uns quantos comprimidos de ácido acetilsalicílico.
*(Aviso às más-línguas: não estou a fazer qualquer alusão às preferências alimentares do nosso ilustre conterrâneo Fernando Pinto, a.k.a. Fanam Grande).
Uma temporada no hospital resolveu a coisa do ponto de vista físico. Mas o trauma psicológico foi enorme e o jovem recalcou o acontecimento.
Já curado do trauma, através da ciber-hipnose, ele continuou a comer corn-flakes, mas teve de substituir o leite com chocolate por rum cubano Havana Club.
O lendário agente tornou-se conhecido por Rumbullion, termo com o qual os ingleses designavam os piratas das Caraíbas, por se enfrascarem abundantemente em rum e desatarem à cacetada.
Mas foi reformado compulsivamente, em 17 de Outubro de 1978, quando disparou a sua Smith & Wesson Double-Action, calibre 38, na direcção de um agente do KGB, ajoelhado 10 metros à sua frente, a apertar os sapatos, e acertou na velhinha Mary Poppins, que pairava, suspensa de um guarda-chuva, por cima dos prédios do outro lado da rua.TO BE CONTINUED…

2 comentários:

Fernando Bugalho disse...

Boa Manel, continuas em grande.
Gostei sobretudo dos recados aos anónimos que "andam por aí".

Aquela da 15ª penetração é conhecido ?

Anónimo disse...

Não sei se pense, não sei se diga, não sei se fale!