quinta-feira, 24 de abril de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 6

CAPÍTULO 6
NOS MEANDROS DO NEGÓCIO DO CRIME

"Não sei se pense, não sei se diga, não sei se fale!"
José Castelo Branco

Prepare-se, leitor, aperte o cinto, desligue os equipamentos electrónicos e faça exercícios de relaxamento. Vai entrar, pela primeira vez, nos meandros do crime “à séria”.
Este capítulo só é aconselhável a pessoas que revelem comportamentos desviantes, emblemáticos da malta mais ou menos relacionada com Linda-a-Velha City.
Sede da Killing Quickly, Inc., Dallas, Texas, USA.
Uma imensa torre de vidro e aço, que se ergue, imponente, na direcção do céu azul, ou, para sermos exactos, no sentido da estratosfera, o mais recente território ocupado pelo exército, tornando-se no 51º Estado norte-americano.
Porquê a estratosfera e não a troposfera ou a mesosfera? Perguntará, certamente, o leitor.
Por razões mais do que evidentes.
A troposfera voa muito baixinho. A mesosfera porque é quase tão gelada como a Jodie Foster, entalada contra a parede por um bando de marmanjos de Linda-a-Velha City.
Já a estratosfera é um território muito mais interessante.
Por um lado, é gira, pois ali é gerado o azul do céu; por outro lado, porque é onde voam os aviões a jacto, que, como sabemos, foram utilizados no nine eleven para derrubar as Twin Towers.
Os americanos não brincam no combate ao terrorismo!
Nenhum ser vivo alheio à actividade da Killing Quickly conseguiu, até hoje, vislumbrar o topo do edifício. Para algumas fontes, ele acaba no 250º andar, para outras é ligeiramente menor.
Esta é uma forte probabilidade, já que uma recente sondagem da Marktest, feita na Commerce Street, em Dallas, Texas, onde se agiganta o imóvel, aponta para uma média de 229,7 pisos.
Mais um enigma do Universo, a que os vindouros, dotados de mais avançadas tecnologias poderão, quem sabe, vir a responder.
A questão também não se apresenta pacífica para os milhares de funcionários da corporação. Alguém terá mesmo lançado uma aposta – faz tanto tempo que ninguém conhece o dinamizador – sobre o número de andares da torre.
Como é óbvio, desconhecendo-se a resposta, nunca foi encontrado o vencedor da aposta. Convenhamos que esta conclusão não está ao alcance de qualquer mortal!
Há até quem afirme que este é apenas mais um mito envolvendo o obscuro grupo empresarial, a par daquele que está no top da mitologia da corporação: como raio é que se descarrega o autoclismo?
Um complexo sistema de controlo de acessos limita a circulação dos “killings” (é por este singelo e carinhoso apelido que são conhecidos os colaboradores da empresa).
Só um cartão personalizado, com um minúsculo chip, permite a circulação. Na corporação, os cartões com banda magnética ou os sistemas de rádio-frequência são tecnologias obsoletas.
Os “killings” mais básicos (os “trash-killings”) estão restringidos a um único piso, àquele em que trabalham. E, neste universo, não se conhece um único com posto acima do 60º andar.
Um grupo mais abrangente de “killings” (os “mass-killings”) goza de uma liberdade de circulação mais alargada, podendo movimentar-se num máximo de três pisos. Sublinhe-se que só é possível encontrá-los até ao 150º piso.
Daí para cima, limitados, porém, ao 200º piso, os colaboradores têm outro estatuto e são conhecidos por “top-killings”.
Acima do 200º andar, entramos num mundo ainda mais inóspito, nunca explorado, nem sequer pelos investigadores de maior gabarito do Canal Odisseia.
Esta é a zona mais ignota do planeta. Aqui, os colaboradores deixam de ser apelidados de “killings”. Chamam-lhes, com enigmático respeito, “os gajos lá de cima”.
Uns quantos “killings” tentaram já infiltrar-se em zonas proibidas. Nenhum teve a sagacidade necessária para cumprir o objectivo. E todos, sem excepção, desapareceram misteriosamente.
Segreda-se que, algures, “lá para cima”, haverá uma câmara criogénica, onde os invasores e demais prevaricadores são mergulhados num líquido magenta, com sabor a baunilha e aroma James Martin’s 30 anos. E ali ficam congelados para – dizem – futuras experiências genéticas.
Engana-se quem acha possível iludir o sistema de vigilância electrónica da Killing Quickly, Inc.
Desde logo, a localização das câmaras é desconhecida.
Dotadas de sistemas de raios-x de vanguarda, foram introduzidas no interior das paredes no momento da construção e os operários que as implantaram foram, posteriormente, eliminados enquanto jantavam com as famílias.
Ainda se discutiu se deveriam ser eliminados previamente, para um ainda maior secretismo, mas concluiu-se que isso iria prejudicar o serviço.
Acresce que o controlo é assegurado numa sala com as aplicações tecnologicamente mais evoluídas no campo dos datacenter, que controlam remotamente toda a actividade do edifício, sendo capazes de detectar – isto está provado – o movimento de uma simples larva de uma mosca da fruta. E até o da resolução de processos nos tribunais do Panamá.
E a localização da sala de controlo é secreta.
Os de “cá de baixo” e, provavelmente, os de “lá de cima” murmuram que nem os tipos da segurança a conhecem, admitindo, à boca fechada, que deve ser tudo controlado por seres biónicos, que não precisam de comer, nem de tomar banho.
Um inovador sistema eléctrico comanda, sem necessidade de intervenção humana e de manutenção, todos os equipamentos do edifício. Desde os elevadores à mais elaborada máquina de café, passando pela eficiente descarga dos autoclismos, parque informático e máquinas dispensadoras de preservativos.
Ou não tivesse ele sido desenhado por um reputado especialista de Linda-a-Velha City, nome de código: Bolinhas. Que a Killing Quickly, Inc. contratou, a troco de garantir um ponta-de-lança, por duas épocas e meia, aos “Belenenses”.
No largo terraço, no topo do edifício, afiança-se que há três heliportos e para cima de 28 gigantescas parabólicas. E até uma máquina para viajar no tempo.
Algumas pessoas, mais aficionadas do género Isaac Asimov, referem a existência complementar de uma estrutura preparada para receber naves extra-terrestres, que já terá sido utilizada bastas vezes.
Esta malta tem uma imaginação pouco fértil. É assim como as asas da galinha. Permitem-lhe correr, mas não levantar voo…
E já só faltam 17.966 capítulos. A paciência é uma grande virtude!
TO BE CONTINUED…

3 comentários:

Anónimo disse...

Ola :(

desta vez eu fiquei mesmo baralhada...onde é que eu me perdi...já tem consigo encontrar o JC ... não consigo fazer nenhuma relação com os vasconcelos brother...nem o vanguardista desenhador...minha cabeça está feita em água...
SOCORRRRRRROOOOO!!!!!!

RJAM disse...

Acho que a Anónima Aflita não passava de "Trash-Killing".

MANUEL JESUS disse...

Se a anónima aflita e baralhada se perdeu na história, é melhor ir comprar um mapa ou perguntar o caminho. Ou ir ver os super-petroleiros a passar. As relações entre as diversas personagens estão lá, embora muito ténues. Os códigos que permitem perceber isso não estão acessíveis aos anónimos, mesmo que muito aflitos.