terça-feira, 22 de abril de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 5

VAMOS LÁ A ISTO, QUE AINDA FALTAM MUITOS CAPÍTULOS.


CAPÍTULO 5
UMA CORPORAÇÃO OBSCURA CHAMA KILLING QUICKLY, INC.

“A monogamia entedia-me loucamente.
Sou monógama de tempos a tempos, mas prefiro a poligamia”
Carla Bruni

A Killing Quickly, Inc. é uma corporação transnacional, que estende a sua tentacular rede de negócios a qualquer ponto do mundo onde seja apreciado o respeito irrepreensível pelas boas práticas empresariais e um rígido código de conduta.
É que, mesmo no sector dos assassínios por contrato, há regras que só empresas qualificadas e responsáveis, certificadas pelos organismos competentes, podem garantir.
É este, claramente, o caso da Killing Quickly, Inc. Não só tem toda a sua situação irregularizada perante o Fisco, como procede aos descontos para a segurança social com apenas alguns anos de atraso.
Muito recentemente e com toda a legitimidade, o seu chairman acusou o Governo norte-americano de estabelecer prazos de pagamento demasiado rígidos, em entrevista concedida ao The Very New Washington Post, que a corporação nega ser sua propriedade.
“O Governo bloqueia o desenvolvimento das empresas e isso gera um clima de depressão, que condiciona o consumo. A obrigatoriedade de pagar os impostos e as contribuições sociais oneram a já fraca estrutura contabilística das empresas.”, disse.
“O mercado dos assassínios por encomenda é o mais prejudicado neste cenário. Obviamente, entre manter o caviar Beluga e o champanhe Dom Pérignon no cabaz de compras ou encomendar um homicídio, qualquer magnata ou ditador responsável, com família para sustentar, opta pela primeira hipótese. E se, durante algum tempo, esta quebra ainda era compensada pelo crescimento do segmento “golpes de Estado”, também aqui se regista uma forte retracção. O mercado de África e da América Latina atingiu quebras históricas”, acrescentou.
“Este factor conduz à incapacidade de suportar os salários dos trabalhadores. E até os prémios de gestão atribuídos aos administradores têm, necessariamente, de ser pagos por baixo da mesa, com recurso a hábeis técnicos de contas, que praticam honorários escandalosos. A malta não aguenta, o FCP caminha para o penta e a morte está a ficar muito lenta”, concluiu o chairman.
Será esta a verdadeira história?
Fontes anónimas, subornadas pelo autor, afirmam que as declarações do chairman pretendem espalhar uma cortina de fumo sobre as verdadeiras intenções da corporação.
Na realidade – disse a tal fonte – “eles estão é altamente preocupados por não conseguirem satisfazer os compromissos de beneficência que os estatutos exigem, papel que a actuação do Governo vem prejudicando, e já têm os accionistas à perna.”
Expliquemos melhor!
O volume de negócios da Killing Quickly, Inc. ascende anualmente a 1.000 milhões de dólares, embora o seu nome não apareça na listagem das melhores empresas.
Visando este objectivo, procede a elaboradas e transcendentes manobras de engenharia financeira, que lhe permitem apresentar resultados líquidos negativos durante exercícios consecutivos.
Apenas porque faz questão de ser discreta.
O seu Conselho de Administração está consciente de que alardear lucros é socialmente mal percepcionado.
No âmbito das medidas de responsabilidade social que, há alguns anos, elegeu como prioridades da sua política, age activamente na recuperação dos toxicodependentes e no combate ao flagelo dos sem abrigo.
Já para não referir o sistemático envio gratuito de medicamentos, fora de prazo, para todos os palcos de guerra.
Como referiu, na última edição, o The Very New Washington Post, em notícia intitulada “Killing Quickly mantém apoio aos desfavorecidos”, a corporação investe anualmente qualquer coisa como 0,45% dos seus lucros neste tipo de actividades de suporte aos mais pobres, idosos e doentes.
Lamentavelmente, uma conjuntura económica internacional adversa tem impedido a empresa de apresentar lucros ao longo de toda a última década.
Logicamente, se em lugar de dar lucro, apresenta prejuízos, a corporação vê-se obrigada a cobrar os tais 0,45% aos marginalizados pela sociedade.
Muitas vezes pela via da força. E sem qualquer apoio governamental! Como salientou recentemente, com o rigor a que nos acostumou, o The Very New Washington Post.
Um cenário que obriga, todos os meses, os altos dirigentes da Killing Quickly, Inc. a fazer um retiro numa estância asiática, para uma catarse colectiva, com custos que agravam ainda mais o seu défice de tesouraria, para o qual muito contribui igualmente a alta do preço do petróleo.
Manter os seus jactos privados no ar torna-se cada vez mais oneroso. A factura do jet fuel já ultrapassa a conta dos gastos com subornos e idênticas ajudas humanitárias.
Confirma-se, assim, que a subida vertiginosa do preço do barril de petróleo tem fortes e nefastas consequências no combate à toxicodependência e à melhoria das condições de vida de importantes franjas da sociedade, como, por exemplo, os sem abrigo, os órfãos, as criancinhas flageladas pela guerra e os escritores de blogothrillers.
E de quem é a culpa? Da OPEP, pois claro! Escreveu, em editorial, o director do importante jornal de referência já refenciado atrás (gosto mesmo de pleonasmos, caramba!).
Apesar dos constrangimentos orçamentais, a Killing Quickly, Inc. persiste, contra tudo e contra todos, na senda dos investimentos que permitam melhorar os seus activos, contribuindo também para a recuperação da economia norte-americana.
Como é exemplo a recente compra de mais dois jactos para a sua frota privativa, um presidente latino-americano e um contentor com obras de arte “emprestadas” pelos judeus aos nazis, na II Guerra Mundial, visando a criação de um museu do holocausto.
Museu que, numa medida de poupança, não exige quaisquer trabalhos de construção civil, pois, como refere o porta-voz da empresa, “os quadros ficam lindamente nas paredes da nossa sede.”
A corporação é presidida pelo honorável ex-juiz do Supremo Tribunal, John Verygood.
Os seus quadros são recrutados entre os advogados litigantes mais qualificados do país (como empresa socialmente responsável, não discrimina entre os de defesa e de acusação).
Mas também vão às compras ao estrangeiro. Ainda recentemente contrataram, por um valor não divulgado, um ilustre causídico de Linda-a-Velha City, a quem a corporação atribuiu um enigmático nome de código: Quincas.
A excelência destes quadros é atestada pelo facto de muitos dos ex-operacionais da CIA, KGB e Stasi, recrutados pela empresa, serem normalmente relegados para funções de back-office, em departamentos como o Financeiro ou de Aprovisionamentos. Alguns são até remetidos para tarefas menores, como estafetas.
Finalmente, quando já ninguém acreditava que isto daria um thriller, começamos a ver uma luzinha ao fundo do túnel. Esperem para ver… nos próximos 17.967 capítulos.
TO BE CONTINUED…

3 comentários:

RJAM disse...

E o que é que isto tudo tem a ver com o JC? É o que vamos ver nos próximos capitulos?

MANUEL JESUS disse...

Oh rjam, isso querias tu saber... Eu já sei mas não conto a ninguém. E também te digo que só vais ter umas luzinhas no capítulo 9.

Anónimo disse...

descupa o atraso no comentário...mas vamos a isso!!!
acho que desta vez eu me perdi...o que é muito natural se tratando de mim....mas vou ler agora o ouro capitulo para ver se pesco alguma coisa...
jinhos