quarta-feira, 9 de julho de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 32

CAPÍTULO 32
TRIBUTO A SIR IAN FLEMING

James Bond: Quem quereria contratar a minha morte?
M: Maridos ciumentos! Chefes ultrajados! Alfaiates humilhados! A lista é interminável!
(007 – O Homem da Pistola Dourada)

As tríades informaram já a Killing Quickly, Inc. de que JC esteve no Banco de Macau e que escapou à perseguição que lhe moveram.
A corporação entrou de imediato em contacto com o banco e confirmou as suspeitas. JC transferiu o dinheiro para uma conta off-shore, sendo impossível seguir-lhe o rasto.
Estabelece depois contacto com o seu agente JA. Este admite que a chave do cofre com os códigos lhe tinha sido roubada, enquanto degustava um “Yam Tchá”, uma rica mistura de pequenos pratos da cozinha chinesa, no hotel Lisboa.
- Deve ter sido enquanto fui à casa-de-banho. A sopa de barbatana de tubarão deu-me a volta aos intestinos – justifica JA.
- Manias do c…! Não há nenhum saudável McDonald’s em Macau? – recrimina-o Peter Hitdogs.
A Killing Quickly, Inc. está agora segura de que JC os traiu de forma infame.
Assim que JA desliga o telefone, este toca de novo. Do outro lado da linha está JC.
- Armaste uma confusão do c…, oh meu honorável capitão. Eu não te alertei para as tríades? A corporação já sabe desta merda e eu tive de lhes dizer que me tinhas gamado a chave – diz de imediato JA.
- Fizeste bem! Não convém que eles percebam que estás feito comigo. Mas ainda preciso da tua ajuda para sair de Macau. As tríades devem estar a controlar o aeroporto.
- OK. Encontra-te comigo no jardim Lou Lim Leoc às 18 horas.
JC precisa de tomar banho e trocar de roupa. Está fora de qualquer hipótese voltar ao Venetian. Percorre sorrateiramente a zona do porto dos pescadores e entra no Central hotel, desconhecendo que é um dos locais de rodagem de “007 – O Homem da Pistola Dourada”.
O recepcionista da espelunca dorme profundamente. É o Nick Nack, o anão que trabalha para o vilão Scaramanga no filme do 007 e que ali faz uns biscates nos intervalos da rodagem.
JC rouba a chave de um dos quartos. Toma um rápido duche. Escolhe e veste algumas peças de roupa. A camisa havaiana, estampada com enormes 4’s de cores vivas, rodeados de brilhantes sóis, dá um bocado nas vistas. E o tamanho é dois números acima do dele, mas sempre serve para remediar a situação.
Só depois JC repara na ameaçadora inscrição em cantonense, a tinta encarnada, na parede: “ng sai lau hai do la faai di jau” (o que é que estás aqui a fazer, meu bandalho, pira-te já daqui). A mensagem está assinada: Roger Moore, 007, ordem para te f…
JC assim procede. Não por medo, mas por respeito ao grande actor. Abandona de imediato o quarto, fechando a porta com muito cuidado. Eis senão quando ouve um “pst, pst”, vindo do fundo do corredor. Trata-se do realizador Guy Hamilton, que anda por ali em filmagens.
- Lei bin a, wai, gwoh lai a (aqui, hey, chega aqui). És giro, oh rapaz, tens pinta de artista de cinema! – diz o realizador.
- Mas o que é essa merda? Não gosto de homens! Queres apanhar nas trombas?
- Não te enerves, pá. Sou o realizador do “007 – O Homem da Pistola Dourada” e estou a fazer um casting para substituir o Roger Moore.
- Mas porquê? O tipo até desempenha bem o papel, muito melhor que o emplastro do George Lazenby…
- Depois de muitos anos a escapar da Miss Moneypenny, o gajo engravidou-a, o M obrigou-o a casar com ela e deixou-me pendurado – explica Guy Hamilton.
- Até era capaz de alinhar, mas tudo depende de quem for a “bond girl”…
- É um pedaço, pá. É uma agente do MI6 chamada Mary Goodnight. É a Britt Ekland que a interpreta – responde o realizador.
- Não, essa não. Até gosto de suecas, mas essa andou a comer o Rod Stewart. Tudo tem limites, pá!
- É pena, oh jovem. Estou a ficar sem soluções. Um destes dias ainda temos de ir buscar o Daniel Craig para o papel de 007…
- Hai, ngo ming baak, ngo ming baak (sim, eu compreendo, eu compreendo), mas não contes comigo – diz JC.
JC despede-se, desejando os maiores sucessos para o filme e mandando um abraço ao baril do Sir Ian Fleming. Só depois recordou que este morreu em 1964, de ataque cardíaco, enquanto jogava golfe. E depois ainda dizem que praticar desporto faz bem à saúde…
Já na porta, esbarra com Alice Cooper, que entra desenfreado no hotel.
- Não me digas que vieste fazer um concerto em Macau? – pergunta JC.
- Deixa-te de merdas, oh meu calhordas! Tu és o Albert Broccoli ou o Harry Saltzman?
- Quem?
- Os produtores do filme do “007 – O Homem da Pistola Dourada”, meu c…!
- Não, não, eu sou apenas um “Agente Irresistível”. Estás chateado, pá?
- Claro que estou, oh palhaço! Fiz uma bela música para o filme e os produtores optaram por uma escocesa chamada, vê lá se dá para acreditar, Lulu…
- Esquece isso oh Alice. Se queres uma sugestão, manda os gajos bardamerda e inclui a música num álbum a que podes chamar, por exemplo, “Muscle of Love”. Vai ser um sucesso.
- Tá bem, tens razão, belo título, sim senhor – reconhece Alice Cooper.
- Live and let die, man – despede-se JC.
JC segue para o jardim Lou Lim Leoc, na estrada de Adolfo Loureiro. Foi mandado construir no século XIX por Lou Lim, um rico mercador chinês, e é actualmente local de meditação ao ar livre, onde pululam praticantes de Tai Chi e velhotes a passear passarinhos nas típicas gaiolas chinesas.
Chegado ao local, o agente acena a uma praticante de Tai Chi, que interrompe de imediato os movimentos e desata a fugir aos gritos.
Um pouco mais à frente, cumprimenta também um ancião, que passeia dois belos pássaros numa gaiola. O homem deixa cair a gaiola, diz algo que parece ser um insulto e afasta-se de JC, fugindo pelos campos de bambu.
- Bastante mal educados estes macaenses! – rosna JC – será da camisa havaiana?
JC encaminha-se para o local de encontro com JA, apreciando as carpas douradas e as flores de lótus que enchem um grande lago. Entra na conhecida ponte com nove curvas, que ziguezagueia por entre o lago.
Reconhece JA ao longe, do outro lado da ponte, levanta a mão e acena-lhe.
- F…-se meu. Vê lá se és mais discreto. Gostas mesmo de dar nas vistas. Não tinhas outra camisa para vestir?
- Mas qual é o problema? Foi o que se arranjou! Era do Roger Moore e é gira!
- Uma camisa cheia de 4’s gigantes, e bem berrantes, não é o melhor traje para andar pelo Oriente. Não sabes que o 4 é o número do azar para os chineses?
- Desculpa lá, não sabia – diz JC acabrunhado.
- Estás desculpado, mas põe a camisa do avesso, meu ignorante.
- Tá bem, pá, tem calma. Não achas que o gajo que construiu esta ponte devia abusar um bocadinho da aguardente de arroz? Já viste que está cheia de curvas? Ninguém lhe explicou que a menor distância entre dois pontos é uma linha recta?
- Mas o que é que tu lês nas horas vagas? A autobiografia da Jenna Jameson, é? A ponte foi assim construída para evitar os maus espíritos, que só se deslocam em linha recta, grande néscio.
Encaminham-se depois para um restaurante na zona do Mercado Vermelho. Enquanto degustam uma tradicional sopa de fitas, acertam a estratégia da fuga de JC.
JA tem um amigo na empresa que fornece o catering aos aviões. JC só tem de se encolher no carro do transporte das refeições e, quando este estiver na pista, entrar secretamente no avião que vai partir nessa noite para Linda-a-Velha City.
- Não deverá ser difícil, porque já conheces a comandante do avião – diz JA, com um sorriso cúmplice.
O plano é cumprido. JC consegue entrar furtivamente no avião e, com a colaboração da Marília, ocupa o lugar do co-piloto, que, como é habitual, dorme no porão.
A aeronave levanta voo com destino a Linda-a-Velha City. JC está a salvo. E desta vez não há sexo. O nosso herói está extenuado. A Marília está a braços com mais um processo disciplinar e tem de se portar bem nos próximos tempos.
De facto, há f… que têm um enorme retorno.
TO BE CONTINUED…

5 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Manuel...é razoável que o JC esteja cansado...mas ali faltou um beijo "caliente" ...
Tudo bem...
Mas com esse capítulo acabei por comprovar a riqueza do conhecimento cultural que tem o nosso amigo Rjam...ele já sabe a muito tempo que os maus espíritos gostam dos caminhos em linha recta...
jinhos

Anónimo disse...

Desta vez não há sexo? Só porque tu não queres, assexuado escriba da novela.
Vai haver sexo, sim senhor, e é uma verdadeira maratona.
Para vós, de um escritor anónimo do século XXI, aqui vai:
A FODATONA
Nos últimos dias rubriquei uma das mais belas páginas da História da Foda. Desafiei pito robusto para, em grandioso cerimonial de despedida das férias, se engalfinhar numa prova de resistência com o caralho deste vosso amigo. Foi uma semana inteira de volta de uma só cona, mas uma cona que explorei em toda a sua conalidade.
A maratona de traulitada começou na quarta-feira de manhã e só terminou no domingo. Foi uma epopeia de chavascal. Arraial de foda destes merecia poeta que o cantasse em decassílabo heróico. À sétima foda já minha pobre verga esguichava em seco. À décima sexta comecei a ver mal, tal era a fumarada que a crica principiava a exalar. E à trigésima quarta já se cheirava a carne assada em várias freguesias circunvizinhas.
Resumindo, dei um total de 47 fodas em cinco dias. Record pessoal. Faça melhor quem puder.
… um nabo em carne viva, aquele que repousa agora na caminha fofa do meu escroto. E é um nabo que, neste momento, se encontra ainda em estado de choque. Perdeu a confiança nos colhões, o que é natural, porque a partir de certa altura deixaram de o municionar com langonha morninha; e desconfia do seu proprietário, que lhe esticou os limites da integridade entalando-o em bordedo caloso.
Sou capaz de ter deslocado a bacia. Ela, quando os bombeiros a vieram buscar, estava sorridente. Dizem-me que dentro de três semanas conseguirá voltar a sentar-se. Até lá, terá de dar a catequese de pé.

MANUEL JESUS disse...

VOMIDRINE: Ah ganda Pipi! Já vi que és um incondicional... Eu também c...! Mas esse texto é tão fraquito que nem teve direito a constar na versão impressa. Tens de te empenhar mais um bocadinho na selecção. Até pareces o Cristiano Ronaldo a fingir que joga.

Anónimo disse...

SEMINARISTA-COM-DÚVIDAS-NA-VOCAÇÃO MANUEL JESUS:
Vá, vá. Escusas de insultar. Só percebeste de onde ando a copiar textos (e estilo) depois de te daquela dica no comentário do artesão das Caldas.
Pelo trabalho de andares a ver se o texto faz ou não parte da versão impressa, dou-te uma pancadinha nas costas (não é no rabo, deixa-te de ideias) e vou deixar de te chamar panasca. O contacto com literatura do chavascal há-de te pôr no bom caminho (a esperança é a última a morrer). Coragem Manelinho!

MANUEL JESUS disse...

Pois é oh vomidrine, deu-me um trabalho do cacete. Sobretudo porque o livro não tem índice. Não é que eu goste de índices, porque, como disse o Pipi, quem os aprecia acaba, mais cedo ou mais tarde, por levar na bufa. E não te ponhas com merdas. Não me digas que vais começar a amar-me? Um gajo começa a levar pancadinhas nas costas, depois distrai-se e lá vai disto. Ainda assim, prefiro que me insultes. Certo, meu ganda roto?