segunda-feira, 5 de maio de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 14

CAPÍTULO 14
O DERRADEIRO TESTE DE JC

“Não gosto muito de interpretar nu”
Jack Nicholson

No capítulo anterior, JC surpreende a equipa da Killing Quickly, Inc., ao começar a cantar “In the Navy” e a dançar de um modo um quanto... extravagante.
“Come on now, people,
make a standIn the navy,
in the navy
Can't you see we need a hand
In the navy”
- É desta que eu lhe vou aos cornos e a sério – ameaça o armário lá do canto de castigo.
- Microsoft? – pergunta Longknife.
- Não, o programa de ciber-hipnose foi totalmente desenvolvido por nós – responde o totó da informática, enquanto consulta freneticamente o manual.
O totó reflecte durante alguns instantes e parece ter chegado a uma conclusão.
- Já tenho a solução. Trata-se de um bug que ainda não tinha sido detectado. Temos de nos vestir como os Village People, pôr a mão na anca, fazer um ar boiola e cantar o refrão com o motociclista.
- Índio – diz Longknife.
- Carpinteiro – escolhe o totó da informática.
- Quem é que sobra para mim? – inquire o armário.
- O tropa, o polícia e o cowboy, mas não trouxemos a roupa do tropa e do cowboy – informa o totó.
- Fuck, polícia não! Não me façam essa merda. Hoje já estive de castigo. Poupem-me, vá lá guys, sejam simpáticos. Eh pá, oh Bill, eu vestido de polícia?!
O armário lixou-se e, portanto, tem de bambolear aquele corpinho todo macho, cheio de músculos, vestido de polícia, e cantar este hino à masculinidade... gay.
“Come on, protect the motherland
In the navy
Come on and join your fellow man
In the navy” “
Come on people, and make a stand
In the navy, in the navy, in the navy”
É com esta fabulosa, maravilhosa, fantástica, inimaginável manifestação de espírito de equipa (e nem tanto de qualidade vocal) que JC é recuperado para a realidade.
(O pessoal que andou na Marinha teria realizado uma performance muito mais natural. Faltou aqui algum trabalho de consultoria do Armando “Orelhas” e do “Chiquinho” Luz. Falha monumental!)
Já no seu estado normal, JC convida os três, agora, colegas para subir à cozinha e beber umas minis.
- Teste A – diz Longknife, encostado ao frigorífico (deve estar a gostar da vibração… e já notaram que o gajo está sempre encostado a alguma coisa?).
O totó – que a partir deste momento passa a dar pelo nome de George Schrek – abre uma grande mala de viagem Samsonite. Retira de lá uma arma e passa-a pela frente dos olhos de JC, num movimento de apenas dois segundos, guardando-a imediatamente no referido acessório de viagem.
- Browning High-Power Modelo 1935. Década de 1920. Bélgica. Calibre 9mm Parabellum. 13 munições. Comprimento de 197mm. 990 gramas – explica JC sem se engasgar.
George repete o processo com uma segunda arma.
- Frommer Modelo 1910. Hungria. Calibre 7,65mm Browning. 184mm de comprimento. 630 gramas. 7 munições.
George mostra a JC uma última arma.
- Beretta 81. Meados da década de 1970. Itália. Acção de fogo duplo. Calibre 7,65mm. 12 munições. 172mm de comprimento. 655 gramas.
- Explosivo! – afirma Longknife.
George Schrek retira agora da mala um explosivo e inicia o teste B, seguindo o mesmo método.
- PETN. Tetranitrato de pentaeritriol. Usado no fabrico do Semtex. Explosão do avião da Panam, em Lockerbie, Escócia, em 1988.
Após a amostragem de um segundo explosivo…
- TNT. Trinitrotolueno. Funde a 81º C. Sensível a calor e impactos quando reage com alcalóides. Atentados de 11 de Março de 2004, em Madrid.
Um terceiro explosivo é revelado e JC responde:
- C4. Explosivo plástico. 91% de RDX e 9% de aditivos plastificantes. Atentados de Bali, Indonésia, em Outubro de 2005.
- Boa, boa, estás a sair-te bem, mas ainda precisamos de realizar um último teste. É a derradeira prova e, seguramente, a mais difícil – diz o Schrek.
- Bora lá! Que eu estou a adorar ser tão inteligente – diz JC.
- Qual a figura do jet set panamense que já teve mais de 80 namorados e andou à chapada com todos?
- Elsa Raposo.
- Qual o nome completo e data de nascimento de Lili Caneças?
- Maria Alice de Carvalho Monteiro, 4 de Abril de 1944.
- Quem afirmou "Pareço uma bicha escondida"?
- José Castelo Branco no reality show 1ª Companhia.
- Yes! - Exclamam o armário, o totó e o apaneleirado – o rapaz recuperou todos os conhecimentos que adquiriu no curso da Killing Quickly, Inc.
- Parabéns JC. Já fazes parte do nosso clube. Estás totalmente operacional – afirma George Schrek com entusiasmo.
- Conta! – ordena Bill Longknife ao totó.
Cumprindo a ordem do chefe, George Schrek explica a JC como este se tornou agente da Killing Quickly.
JC nasceu em 20 de Agosto de 1977, em San Diego, Califórnia, EUA.
A sua mãe foi inseminada artificialmente, pela equipa médica da corporação, quando se encontrava na prisão de San Diego à espera da injecção letal pelos seus crimes em série.
Foram usados espermatozóides furtados a Bill Gates, acondicionados num preservativo, depois de uma tórrida tarde de sexo com a namorada da altura, e vendidos por esta à Killing Quickly, Inc. por dois milhões de dólares.
O empresário, então com apenas 20 anos, já despontava na cena tecnológica, pois acabava de fundar a Microsoft, que se viria a tornar, muitos bugs depois, num dos maiores impérios empresariais do mundo.
A mãe de JC, Linda Pierce, negociou a entrega do rebento, logo à nascença, à Killing Quickly, Inc., obtendo em contrapartida a redução da pena a prisão perpétua.
Foi assim que JC ficou sob a alçada da corporação, que o baptizou de John Clone.
JC foi entregue a um casal de agentes da Killing Quickly, Inc., enviado para Linda-a-Velha City, por se ter considerado que esta era, já na época, a cidade mais adequada ao desenvolvimento equilibrado de um jovem com elevado potencial para o crime, como teria de ser o filho de um inteligente empresário das novas tecnologias e de uma serial-killer.
A família de acolhimento foi, entretanto, morta numa missão em Praga, na então Checoslováquia. Isso aconteceu em 11 de Setembro de 1987, tinha JC 10 anos de idade.
O jovem confirmou todo o seu potencial. Licencia-se no MIT Panamá com apenas 17 anos. Conclui o doutoramento em Física Nuclear dois anos depois.
É então que a Killing Quickly, Inc. o transfere para Dallas, Texas, onde recebe formação como agente e se classifica com a melhor nota jamais atribuída pela corporação.
JC é a seguir “adormecido”, em 13 de Março de 1998, e enviado de novo para Linda-a-Velha City.
E como é que ele sobreviveu, órfão de pai e mãe aos 10 anos de idade, rodeado de terríveis chavalos e miúdas giras, obrigado a frequentar as festas de garagem do Slow Down e de outros seres igualmente demoníacos, recheadas de sexo, drogas, refrigerantes e rock’n’roll?
E não era o sexo, as drogas e muito menos os refrigerantes que estragavam estes promissores jovens. Era o rock’n’roll, a forma de expressão mais brutal, feia, viciosa, manhosa, indisciplinada, suja, rançosa, afrodisíaca, a música marcial de todo o delinquente na face da Terra, como muito acertadamente o descreveu Frank Sinatra.
Assim se percebe porque é que o pessoal de Linda-a-Velha City é todo marado dos cornos, independentemente do sexo, credo, idade e opção política e clubística.
E não vou responder à pergunta de há pouco!
Em primeiro lugar, deviam ter colocado a questão de forma mais sintética, pois tenho encontro marcado com uma callgirl. Em segundo lugar, porque já estou atrasado para o encontro com a callgirl. Em terceiro lugar, porque a callgirl já bazou e fiquei mesmo chateado.
TO BE CONTINUED…

3 comentários:

RJAM disse...

Verifiquei, com agrado, que o Manel já aprendeu a colocar as etiquetas. E as certas. Já estava farto de ser eu a fazer esse serviço menor...

MANUEL JESUS disse...

Para um gajo nascido na idade pré-internet vou aprendendo mas devagarinho...

Anónimo disse...

Boa ... imagianem que os bugs todos da Microsoft fossem solucionados com representações artisticas em play back??? De certeza que iamos ficar muito mais descontraidos...rsrsrsr
Estou adorando!!!