sexta-feira, 30 de maio de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 24

Levem lá, debaixo do braço para o WC, mais um capítulo da novela. Bom fim-de-semana para todos!

CAPÍTULO 24
REBECCA E AS LÍNGUAS MORTAS

“Toda a minha boa leitura, posso afirmar, faço-a na casa de banho.
Há passagens do "Ulisses" que apenas podem ser lidas na casa de banho,

se quisermos extrair delas todo o aroma do seu conteúdo.”
Henry Miller

Sede da Killing Quickly, Inc. Dallas, Texas, USA. Peter Hitdogs entra disparado no gabinete do chaiman, John Verygood.
Este desvia a vista dos super-petroleiros do Golfo do México (o gajo gosta mesmo de ver navios…) e encara o seu director de Operações Exteriores.
- Tás nervoso c…?
- Nem imaginas o que é que aconteceu em Linda-a-Velha City…, pá.
- Vão candidatar-se à organização dos próximos Jogos Olímpicos?
- Quando eu te contar, deixas-te logo de piadas! – diz furioso Hitdogs.
- Relaxa e conta, c…
- O Shithead f… tudo! Perdeu o JC, matou um gajo, tive de o mandar ficar quietinho, pá. Precisamos de reforçar a missão com mais um agente.
Depois de Hitdogs ter contado em pormenor o monumental falhanço de Shithead, Verygood chama a sua secretária.
- Olá Rebecca. Tens andado a insistir comigo para te dar uma missão no estrangeiro, pois tens agora a tua oportunidade. Sobes ao terraço, metes-te num helicóptero e apanhas um avião nosso para a Linda-a-Velha City, Panamá.
- Boa chefe!
Verygood explica a Rebecca os pormenores da missão, que consiste em juntar-se a Shithead para, em conjunto, localizarem o JC. Avisando-a para ter muito cuidado, pois ali andará a mão da resistência panamense, que, como sabemos, é danada para a porrada.
Sobretudo a tendência interna mais libertária, liderada pelo Zef.
Depois de ir a casa fazer a mala e despedir-se da namorada, Rebecca apanha um táxi para a Killing Quickly, Inc.
Durante o percurso, Rebecca promove um brainstorming consigo mesma.
Contudo, como o seu cérebro não tem sequer espaço em disco para discutir uma ligeira brisa estival, a tempestade mental torra-lhe os neurónios como se estes fossem gatos em telhado de zinco quente. Veremos que este acontecimento terá funestas consequências…
Rebecca embarca finalmente no helicóptero. Adormece e só acorda já em terra à chegada a Linda-a-Velha City.
- Foi rápida a viagem e nem dei por sair do helicóptero e entrar no avião… - pensa a ex-secretária.
Este thriller entra agora numa nova dimensão. Um volte-face tão impressionante que até o tradutor decide participar.
- Credo quia absurdum (creio por ser absurdo). Lex est quod notamus (a verdade pode às vezes não ser verosímil).
- Gloriae et virtutis invidia est comes (a inveja acompanha sempre a glória e a virtude) – responde o autor.
- Laus in ore próprio vilescit (louvor na própria boca perde todo o valor) – contesta o tradutor.
- Imprimatur (imprima-se) – decide o editor.
Rebecca olha em redor e exclama:
- Fantástico! Linda-a-Velha City parece a Roma Antiga que eu vi num filme há pouco tempo.
Rebecca olha estarrecida para o Coliseu. Aproxima-se dela um plebeu romano de túnica, conduzindo uma quadriga.
- Quo vadis (onde vais) – pergunta o homem da quadriga.
- No Panamá fala-se latim! Fixe! – diz Rebecca.
- Quid? (o quê) – insiste o romano.
- Linda-a-Velha City.
O romano antigo desconhece a existência desta cidade, mas não tendo ainda sido criadas as cooperativas de rádio-táxis e muito menos roteiros, faz jus aos seus futuros descendentes taxistas e decide inventar.
- Ad Augusta per angusta (a resultados sublimes por veredas estreitas) – diz o “taxista”.
- Ab hoc et ha hac? (por aqui a torto e a direito) – pergunta Rebecca.
- Audaces fortuna juvat (a sorte protege os audazes).
- Monstrum horrendum, informe, ingens (monstro horrendo, informe, ingente) – reclama a norte-americana.
- Homo sum: humani nihil a me alienum puto (sou homem e nada reputo alheio a mim do que é humano) – responde, provando que já na Antiguidade os taxistas falavam demais e… em latim.
- Favete linguis (favorecei-nos com o silêncio).
- Omnia vincit amor (o amor triunfa de tudo).
- Beati pauperes spiritu (bem-aventurados os pobres de espírito) – goza Rebecca.
- Spiritus promptus est, caro autem infirma (o espírito é pronto, mas a carne é fraca).
- Potius mori quam foedari (antes morrer do que praticar um acto vil).
O romano pára a quadriga na Via Ápia. Desliga a telefonia, interrompendo “Message in a bottle” dos Centuriões (que viriam a inspirar os Police). Olha para Rebecca e começa a despir a túnica.
- Alea jacta est (está lançada a sorte). In naturabilis (em estado de nudez) – convida o romano.
- Non possumus (não podemos).
- Surge et ambula (ergue-te e anda). Vade mecum (vem comigo) – ordena o “taxista”.
O romano ataca Rebecca, rasga-lhe o tailleur Ana Salazar, atira-a para o chão. E, como é mesmo terrível, dá um estalo no lobo mau, rouba o lanche ao Capuchinho Vermelho e leva Rebecca ao castigo.
Depois de regressados à quadriga, ainda compondo o tailleur, Rebecca decide inferiorizar o plebeu romano.
- Displicuit nasus tuus (o teu nariz desagradou).
- Requiescat in pace (descansa em paz) – responde o “taxista”, com uma sonora gargalhada.
- Stultorum infinitus est numerus (o número dos tolos é infinito).
- Veni, vidi, vici (cheguei, vi e venci).
- Omnis homo mendax (todos os homens são mentirosos) – afirma Rebecca.
- E pluribus unum (um entre muitos) – responde o “taxista”
Sendo a Rebecca do Sporting – como a generalidade das loiras burras – manda o romano defecar na latrina pública e, por vingança, ele abandona-a no prostíbulo mais fétido do monte Palatino, completamente grogue (as línguas mortas produzem este efeito nas mulheres…).
E como é que a Rebecca foi parar à Roma Antiga?
Porque é loira e burra. Em vez de se meter no helicóptero, entrou na máquina do tempo.
O agente infiltrado na Killing Quickly, Inc., o MS, aproveitou a oportunidade e programou a máquina para Roma, um século depois.
Acontece que o equipamento ainda estava em testes…
E assim a Mui Ilustres e Honoráveis Capitães do Solstício de Verão aniquilou mais um representante do inimigo e prossegue na senda patriótica de defesa da nação panamense.
TO BE CONTINUED…

5 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem...Foi-se a espiã...e ficaram os Mui Honoráveis não sei mais o que a torturar o JC que não fala nadinha...gostei da forma como libertaste este capitulo..particularmente ADORO máquinas do tempo....
jinhos

MANUEL JESUS disse...

Então e o latim? Faz uma cábula e tenta usar uma das frases por dia. É que vais mesmo impressionar...
As máquinas do tempo são fixes, mas têm horários pouco fiáveis. Ainda no outro dia fiquei especado na paragem das máquinas do tempo. E, no dia seguinte, ainda não tinha aparecido nenhuma. Fui-me embora e apanhei um autocarro. É a vida!

MANUEL JESUS disse...

Oh menino Rui veja lá se escolhe uma música baril e não as "porras" que costumas por!!!!!HEHEHEHEHEE
HELENA POMBO
piratiando sessão Manuel Jesus e sem o conhecimento deste

BEIJOS PARA TODOS
COMENTE SFF

RJAM disse...

Manel:
Acho que já andas a ser influenciado pelo ZEF na tua escrita (mas ainda longe, que ninguém o consegue agarrar). Não gosto muito de linguas mortas, prefiro-as bem vivas ( e parece que o ZEF também, vide a sua poesia). E já agora tem cuidado, não deixes as tuas sessões abertas, senão os Pombos (Helenas) entram por elas e cagam tudo.

Pombo, Helena:
Espero que não estejas desaparecida em combate. Não sei que musicas viste no blog mas devem ter sido estas ultimas (pimbas). Já agora diz lá uma que gostes para eu ver se evoluiste alguma coisa nestes anos todos. Gostei de te "ver", beijos.
Nota: Vê lá se arranjas um nome giro para o Blog, não precisas de enganar o pobre do Manel e andares a mexer no rato dele. Se me deres o teu e-mail até te envio um convite para escreveres no Blog (espero não me arrepender)...

MANUEL JESUS disse...

Pois é pá, os pombos são danados para a brincadeira... Nada que uma boa caçadeira não resolva!