segunda-feira, 26 de maio de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 23

CAPÍTULO 23
JC RESISTE ESTOICAMENTE A SESSÃO DE TORTURA

“Sem saltos altos não consigo pensar”
Victoria Beckam

O banco onde havia estado sentado Tom Hanks – já dispensado deste blogothriller, entre outras razões por ter um cachet demasiado alto para uma produção independente – é agora ocupado por JC.
O nosso herói é acordado com uma valente chapada.
- Mas ninguém acorda naturalmente neste thriller? Tem de ser sempre com violência gratuita? Isto é um pedacito traumatizante!
- Cala-te traidor!
- Ao menos não uso túnicas cor-de-rosa, seus palhaços!
- Ignorante! É fúcsia!
- O que é que vocês querem?
- Com que então o menino é de Linda-a-Velha City e está metido num complot para rebentar com o Panamá? Sim senhor, rico patriota que me saíste! – grita um confrade.
- Sabemos da tua missão, bandido – diz outro.
- Meteste-te com a escumalha da Killing Quickly, Inc. e estás a soldo dos castelhanos – acusa outro honorável capitão.
- Vais contar tudinho à malta e, se aceitares mudar de campo, pode ser que te safes.
JC recusa ficar às ordens da Mui Ilustres e Honoráveis Capitães do Solstício de Verão, mantém-se em silêncio e obriga os honoráveis capitães a dar uso aos instrumentos de tortura.
São novinhos em folha e foram adquiridos recentemente em leilão, por um preço jeitoso, à seita islâmica Jamaat ul-Fuqra, devido a mudança de ramo de actividade.
A coisa começa de levezinho. JC é submetido a uma sessão com música punk, desde os Ramones aos Sex Pistols, passando pelos Stooges e The Clash. Leva também com Chuva Dissolvente, Contentores e A minha alegre casinha na versão dos Xutos e Pontapés, numa selecção especialmente criada pelo DJ Slow Down para torturar a malta. Aquela lista que ficou de molho desde o capítulo anterior.
Sofre com Roberto Leal, Tony Carreira e, ainda por cima, com o filho deste e a Ana Malhoa. Aquilo que o poderia levar a ceder mais rapidamente, a discografia completa do Júlio Iglesias, foi vetado pela maioria dos honoráveis capitães, por ser espanhol.
Muitas horas depois, JC continua em silêncio. É então submetido à lancinante tortura das gravações de bebés a chorar, com o objectivo de o impedir de dormir.
Mesmo assim não cede, sendo-lhe aplicada a técnica do telefone, umas palmadas nas orelhas rebentando-lhe com a membrana dos tímpanos.
- Com essa não vão lá – diz JC – e podem parar com a música e a cena dos bebés a chorar, que já não oiço puto.
- Já que estás armado em herói, obrigas-nos a desencadear técnicas mais drásticas – diz o confrade que já fez um estágio em Guantanamo.
São então colocados no corpo de JC vários eléctrodos. É molhado abundantemente com água – desta vez da torneira, porque a água de cozer os percebes foi toda gasta com o Tom Hanks.
O corpo de JC estremece convulsivamente com a passagem da corrente eléctrica. A cada aplicação desta técnica, JC perde os sentidos e é sucessivamente reanimado. O corpo apresenta graves queimaduras, mas JC permanece em silêncio.
- O gajo foi bem treinado! Passemos ao clister eléctrico.
JC é colocado de cócoras e são-lhe aplicadas descargas eléctricas no cóccis. Isto provoca o relaxamento dos esfíncteres levando-o a defecar abundantemente (pensaram que eu ia escrever cagar, não foi?).
- Mudem lá de método, que já não aguento o cheiro a merda – pede um comparsa mais esquisito.
A cabeça de JC é então totalmente imersa numa enorme tina com água. E retirada antes de perder a consciência. A cada mergulho, ele debate-se violentamente, mas permanece em silêncio.
Constatando que JC é mais duro do que parecia, os honoráveis capitães deixam-no inerte no chão da sala de tortura e iniciam uma reunião de emergência.
- Tá visto que o tipo foi bem preparado para estas situações!
- Pois é, com tortura não vamos lá!
- Matamos o gajo?
- Isso vai contra os nossos estatutos. Só podemos matar espanhóis e americanos e, formalmente, o gajo é um cidadão de Linda-a-Velha City.
Os honoráveis capitães decidem abandonar o corpo de JC no perigoso e mal-afamado bairro da Lapa.
Admitem que ele está num estado que não lhe permitirá continuar a missão. E que o mais certo será apanhar umas facadas ou ser vendido a traficantes de órgãos pelos facínoras de algum gang daquele bairro degradado.
Enquanto JC é abandonado num beco infecto da Lapa, o armário, que agora já sabemos dar pelo nome de Steve Shithead, esconde-se do outro lado da rua do Flamingo Bay, o antigo, encostado a um poste de iluminação pública, que não ilumina publicamente nada por ter as lâmpadas fundidas.
Há muitas horas que Steve Shithead se oculta nas sombras, aguardando a passagem de JC e tentando avaliar a presença de agentes inimigos.
A tarefa não é fácil, na medida em que circulam frequentemente pela rua bastantes prostitutas, respectivos proxenetas e esparsos clientes.
Um único transeunte lhe pareceu suspeito.
Mas depois de uns valentes murros, com recurso a uma soqueira, no beco mais próximo, confirmou que se tratava apenas de um inocente travesti, que fazia pela vida.
Com a chegada da manhã, Steve Shithead começa a desconfiar de que há tramóia. Dirige-se à recepção e interpela o sonolento recepcionista.
- O hóspede do quarto 420 está cá?
- Quarto 420? És um brincalhão do caraças! – responde o recepcionista.
Como sabemos, Steve Shithead é um bocado para o violento. Puxa da sua Sig Sauer 9 milímetros, encosta a ponta do cano ao parietal do empregado do hotel e diz:
- Sou brincalhão é? Gostas do meu brinquedo? Fuck.
- Oh pá, é que este hotel só tem dois andares – diz o recepcionista aterrorizado.
- Estou-me nas tintas para isso. Não te perguntei quantos andares tinha o hotel. Fuck!
- O 420 seria… no quarto piso… e não temos quarto piso – esclarece o assalariado sazonal da hotelaria.
- Fuck. Então em que quarto é que está o John Clone?
Depois de uma consulta ao sistema, o recepcionista esclarece que não há qualquer John Clone alojado no hotel.
- Fuck. Com esta é que me lixaste! – acusa Steve Shithead, enfiando um projéctil da sua Sig Sauer, à queima-roupa, na mona do aterrorizado recepcionista, que fica a esvair-se em sangue.
O armário abandona o hotel rapidamente e vai telefonar a uma cabina pública a uns quarteirões de distância.
Steve Shithead liga a Bill Longknife, que, por sua vez, transfere a chamada para Peter Hitdogs, o qual, depois de ouvir o relato dos acontecimentos, finalmente lhe diz:
- És um incompetente do c…, pá. Esconde-te até novas instruções.
Steve Shithead afasta-se, no sentido contrário ao das sirenes que já soam nas redondezas.
Será que JC já terminou o seu papel nesta história? Irá ele sobreviver? Morrer? Aderir a um gang da Lapa?
TO BE CONTINUED…

6 comentários:

Anónimo disse...

OH Manel!!!!a trilha sonora esta cada dia melhor...mas falta o nosso DJ colocar um teledisco da Ana Malhoa a abanar-se toda...~ia ser a festa da malta...alias...se em vez de musica fosse imagem...o nosso JC cedia...
Pensando melhor acho que ele ia gostar mais do Village People..rsrsrsr
Acho que o JC tinha que se bandear para os Mui Honoráveis...ceder ao fuscia...e tramar aqueles americanos todos...depois era uma lavagem cerebral e ele virama um homenzinho como tem que ser...
jinhos

MANUEL JESUS disse...

Há melhor lavagem cerebral do que uma carga de porrada? A qualidade musical está a melhorar, verdade? Isto é que são artistas! Por acaso, apostei que o "maestro" ia optar pelos Xutos. Desta vez enganei-me...

Manuel R Fiúza disse...

v

Manuel R Fiúza disse...

Vai lá, vai.
O outro era o esternocleidomastoideu e tu são os esfíncteres. Espectáculo!!!!
Confesso que nem sabia que isso existia e tenho pelo menos 42 no meu corpinho dadone.
Apesar de tardia, bem tijolado, o JC cantava que nem um passarinho(resultou com o camelo).
Fica a sugestão.
Pronto, já bati bolas.

MANUEL JESUS disse...

Bem vindo Manuel Fiúza. Corpinho danone??? Além disso ser um bocado roto, acho que precisas de comprar uns espelhos lá para casa...

Anónimo disse...

Daqui FAÍSCA Lembram-se? Tá tudo cota para aí!!! Eu cá estou na mesma.Um grande ABRAÇO para o pessoal do Snack (Mira Tejo). Brevemente darei noticias e vou tentar arranjar umas Fotos. Gostei muito de ver este pessoal. Até à Próxima