sexta-feira, 9 de maio de 2008

"CRIME EM LINDA-A-VELHA CITY" - CAPÍTULO 16

CAPÍTULO 16
OS “KILLINGS” SÃO UNS GRANDES CROMOS

“Muitas toneladas de dinamite foram detonadas neste filme,
mas nenhuma debaixo das pessoas certas.”
James Agee

Como combinado no final do capítulo anterior, vou responder às duas perguntas.
A majestosa praça central de Linda-a-Velha City fica, precisamente, no centro. Essa é que é essa!
(E o McDonald’s ocupa actualmente uma antiga gelataria, no largo do Mercado, que faliu há umas décadas por ser bastante mal frequentada… Estão a ver que esta novela é mesmo interactiva?)
Relativamente ao livro que JC levava debaixo do braço, é já a seguir.
Sentado no banco do jardim, à sombra de uma sequóia gigante (em Linda-a-Velha City é tudo em grande), JC tentava conciliar no seu espírito todas as recentes novidades.
Num ápice, passou de pobre a milionário, de desempregado a agente da mais reputada corporação do crime, de marado a físico nuclear.
JC desvinca o canto da página 88 do magnífico livro que usa nestas alturas de maior contemplação interior, e retoma a leitura.
“Ela levou-me para o quarto e tirou-me a camisa. As minhas cuecas estavam tão molhadas que até me senti envergonhada. Sentando-se em cima de mim, ela tirou o top, abriu o soutien e encostou-se a mim. Podia sentir o calor a emanar de cada poro do seu corpo. Há muito tempo que não sentia aquele tipo de intimidade.
Ela beijou-me durante o que pareceu ser uma eternidade e depois começou a descer pela minha pele, beijando cada centímetro. Quando chegou às coxas parou e colocou uma mão sobre a minha rata. Só de sentir o calor da mão dela, depois de tanta provocação, fez-me querer explodir. Quando finalmente ela foi lá com a boca eu estava a subir pelas paredes. Colocou um dedo lá dentro, a tocar no ponto G, e lambeu o clítoris.”
JC continua a leitura da autobiografia de Jenna Jameson, a maior actriz porno de sempre. E sim, acertaram, foi mesmo buscar o apelido à marca de whisky.
De que é que estavam à espera? De um tratado sobre o Big Bang? Não acham que um gajo que passou uma série de anos a estudar a síntese e a fusão nuclear, a densidade dos núcleos, feixes radioactivos, protões, neutrões, quarks, etc., precisa mesmo de leitura alternativa?
Regressados do almoço, Longknife, Schrek e o armário passam na praça central e levam consigo JC para tomar um café na esplanada da Fontana de Trevi (esta é que é a verdadeira, a de Roma é uma cópia, como a malta de Linda-a-Velha City sabe muito bem).
Ali sentados, anónimos na multidão de turistas, pedem um capuchinho (os italianos também copiaram isto e, para disfarçar, chamam-lhe capuccino).
A voz de Gianna Nannini ouve-se algures numa das esplanadas:
“Meravigliosa creatura, sei sola al mondo, meravigliosa paura di averti accanto. Occhi di sole,mi tremano le parole, amo la vita meravigliosa.”
E fazem a JC o briefing da missão para que foi convocado.
Explicam-lhe que os agentes da Killing Quickly, Inc. em acção no Panamá estão a enfrentar sérias dificuldades em concretizar a “Operação Badajoz” e que só ele, JC, pode levar o navio a bom porto.
Assim, JC é informado de que os panamenses têm de ser postos em debandada e, caso não o façam voluntariamente, deverá partir-se para o massacre total.
A solução final que, no manual de operações da corporação, é designada oficialmente por “Cyberdyne Systems Model 101-800 Series Terminator” em honra do ser cibernético que protagoniza um magnífico filme patrocinado pela Killing Quickly, Inc. Mas que, na gíria interna, é apenas designado por “Arnoldo”.
Sim, porque este império do crime também é um conhecido patrono da 7ª Arte e das outras todas, incluindo o aeromodelismo e o origami.
- Mas vocês também estão na indústria cinematográfica? – pergunta, espantado, JC.
- Claro, pá, somos o máximo – responde o totó Schrek.
- E posso ir lá ver os estúdios?
- Missão primeiro. Turismo depois – promete Longknife, que, graças aos ares tropicais de Linda-a-Velha City e ao gaseificado da coca-cola do almoço, se tornou um pouco mais conversador.
- E os vossos filmes são conhecidos?
- Gandas filmes, pá, como aquele com o matulão, ai, como é que se chama o gajo… não me consigo lembrar… - diz o armário.
- Estás a falar daquele que descarrega a metralhadora no outro tipo, que depois se levanta, cheio de buracos, corre 500 metros para ir buscar a bazooka, volta para trás e dispara um rocket contra o outro… - continua o totó.
- E o outro, aquele de que não me lembro agora o nome, desvia-se do rocket quando ele já está a menos de um metro, mete-se naquele carro cheio de pinta, acelera para aí a uns 300 km/hora e ainda consegue impedir que a velhota leve com o balázio…
- E o gajo consegue agarrar o rocket e enfiá-lo no cano de esgoto, mas o projéctil vai por ali fora na bisca e entra na sanita daquele gajo, que mesmo assim consegue sobreviver e arrasta-se durante uma data de quilómetros, com as tripas de fora, 27 fracturas expostas e já sem um braço e uma perna…
- Foi lindo! E ainda vai ter com aquela rapariga, que não me lembro do nome, para a pedir em casamento e ela aceita e depois vão para a igreja…
- Isso, o gajo a desfalecer, a deixar partes do corpo pelo caminho, e o padre a casá-los e depois o filme acaba com a cena mais linda que eu já vi…
- Pois, quando o padre diz para ele beijar a noiva e o gajo já não tem lábios, nem dentes, nem língua e aparece por detrás um manguelas que lhe espeta um machado na metade da cabeça que ele ainda tem e decepa a noiva.
Bill Longknife, George Schrek e o armário choram agarrados uns aos outros de tanto rir, perante a estupefacção de JC:
- Meti-me com uns ricos cromos. Isto ainda vai acabar mal!
(Lá isso é verdade. Ainda não está é decidido se vai correr mal para os heróicos panamenses, para os sacanas da Killing Quickly, Inc. ou para os traidores dos espanhóis. Certezas, certezas é que JC vai acabar como herói. Morto? Vivo? Gay? Heterossexual? Sabe-se lá…).
Depois do momento lúdico e cinematográfico, os pândegos regressam ao estado austero, que é seu apanágio, e começam a traçar o arrojado plano da “Operação Badajoz”.
JC é encarregado de pôr de pantanas as principais instituições panamenses, usando os meios que entender mais convenientes para alcançar o sucesso.
A tarefa não é fácil, pois a lista de alvos é interminável.
Presidência da República do Panamá, Presidência do Conselho de Ministros e o Parlamento são os alvos prioritários. É nestes que, numa primeira fase, JC se deve concentrar.
Recorde-se que, com o crescimento acentuado de Linda-a-Velha City nos últimos anos, os principais centros do poder mudaram, com os edifícios, pombos e tudo, para esta cidade.
São ainda listadas mais 57 instituições panamenses, mas estas serão atacadas, mais tarde, quando o poder cair na rua, com o auxílio das forças armadas espanholas.
- Vem aí uma nova Aljubarrota! – afirma JC.
- Onde? Onde? – pergunta o armário, olhando em seu redor.
- Estou a falar da batalha, mas esqueci-me que nessa altura vocês ainda não tinham construído o Mayflower.
- Nós não construímos nenhum Mayflower, quem é que disse que nós tínhamos construído o Mayflower, quem é que nos acusou de construir o Mayflower? – questiona o armário.
- Estou a falar de uma batalha entre os panamenses e os castelhanos, que até meteu uma padeira.
- Ah! – exclama Longknife, lançando uns olhares de esguelha para os colegas e rodopiando o dedo indicador junto da têmpora, significando “o tipo está chalupa”.
Longknife, Schrek e o armário despedem-se de JC.
- Depois dá novidades, OK?
TO BE CONTINUED...

9 comentários:

Fernando Bugalho disse...

Finalmente !!! Um cheirinho a sexo, violência, tiros, mortos, fins felizes e até cinema...
Não há dúvida que a história está a subir de nível, sim senhor.

A ver o que o anónimo do Miguel (fdsss, se o gajo não se chama Miguel, mas continua anónimo, podemos perfeitamente alcunhá-lo de Miguel, ou não ?) acha deste capítulo.

Parabéns pelo capitulo. Apenas devias especificar melhor aquela da gelataria mal frequentada.

MANUEL JESUS disse...

A gelataria era tão mal frequentada que até o anónimo devia parar por lá... Será que o Montez já atendeu o telemóvel? Convinha até para confirmar que o anónimo se chama Miguel, José, Ricardo, André, Jorge, Rui, João, Fernando, António, Mário, Manuel, Pedro, Joaquim, Nuno, Filipe, Luís...

Anónimo disse...

Com que então agora as lésbicas!!!!
Ta bem...uma história para ser interessante tem mesmo que ter esses "toques"...mas o que eu gostei mesmo foi a cena do casamento....ganda cena...quase que fiquei suja com o sangue que esguichou do meu ecran...rsrsrs
continua que támuito bom!!!!!
jinhos

Anónimo disse...

sugestão para a trilha sonora:

The Sweetest Taboo - Sade

jinhos

Fernando Bugalho disse...

Uma nota ao Exmo. autor:
Esta blogonovela tem que se aperfeiçoar e desenvolver.
Tem que evoluir para uma blogonovela ilustrada (como o "Equador" do MST, por ex.). Porque não colocar uma foto da fachada da sede da Killer Inc. ? E porque não colocar uma foto da casa onde JC nasceu ? E porque não...

RJAM disse...

O Montez não atende "anónimos".
Já agora ó anónimo: o teu nº termina em "...8000"?

Anónimo disse...

Já agora, onde posso adquirir um exemplar do livro da autobiografia da Jenna Jameson?

Anónimo disse...

Tem dias...
Uns é 8000, outros 9000, ou 7000 etc. etc.

MANUEL JESUS disse...

ANÓNIMO: Ainda tive esperança de que só estivesses armado em parvo. Afinal, és mesmo parvalhão.

SENHORA DOS ANÉIS: Em comprei na FNAC. Chama-se "Como fazer amor como uma estrela porno", de Jenna Jameson, edição Publicações Dom Quixote. Compra não aconselhada!

BUGALHO: Não compares este fantástico blogothriller com o manhoso "Equador", nem o baril do Manny González com o passado dos cornos do MST.

BIMBA: Sweetest taboo? Hum... a cena lésbica deu-te a volta à cabeça...

ANÓNIMA AFLITA: Já percebi que adoraste mesmo muito a cena lésbica. O gostares da cena do casamento é para disfarçar. Sua maluca!

RJAM: Não sei como é que termina o número do anónimo, mas deve ser com o gajo a levar umas vergastadas na praça pública. Esse é que seria um grande número.